Problemas no ENEM refletem a bagunça que virou o MEC

Luciano Queiroz

As notas individuais do Enem 2019 foram divulgadas na sexta-feira (17/01) e alguns candidatos perceberam que havia algo de errado em suas pontuações. 

O Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela realização do exame, confirmou o erro e identificou – num primeiro momento – que cerca de 39 mil candidatos (1% do total) podem ter sido afetados. Na segunda (20/01) o Inep informou que cerca de 6 mil candidatos foram afetados. O MEC e o Inep indicaram que o problema foi na impressão das provas, ocorrendo uma correspondência errada entre a cor da prova realizada pelo candidato e seu gabarito.

Em edições anteriores, desde que o Enem passou a ser a principal forma de ingressar nas universidades públicas e privadas, erros de impressão aconteceram e provas foram roubadas ou vazadas. Entretanto, a partir de 2012 erros graves deixaram de acontecer. 

Imagina realizar uma prova para 5 milhões de pessoas em todo Brasil. Não é fácil, problemas acontecem e até certo nível são aceitáveis. Mas, os problemas ocorridos nesta edição refletem algo a mais, refletem a bagunça que virou o MEC.

Bolsonaro já indicou três presidentes para o Inep. Os dois primeiros com rápida passagem e o terceiro, Alexandre Lopes está no posto desde maio de 2019. Além dessas mudanças constantes, diversos cargos importantes do Inep ficaram vagos por meses, como por exemplo a Daeb (Diretoria de Avaliação da Educação Básica) que passou 153 dias desocupada. No dia 22 de agosto, faltando pouco menos de três meses para realização do Enem, o general da reserva Carlos Roberto Pinto de Souza foi nomeado diretor

Mudanças constantes de diretores, cargos importantes vagos e erros no maior vestibular do Brasil são um grande indicativo de má gestão ou da bagunça que virou o MEC. Até agora só temos visto uma verdadeira disputa entre as diferentes alas ideológicas do governo pela hegemonia do MEC e uma série de aberrações ditas pelo ministro sobre os mais variados assuntos. E pensar que o presidente havia prometido nomear técnicos e gestores para os ministérios.

Também não podemos nos esquecer dos sucessivos ataques realizados pelo ministro às universidades públicas durante o ano de 2019: cortes de bolsas, Future-se e os cortes de 30% na verba de custeio de todas as federais. Já sabíamos que o ministro não era muito bom com porcentagens quando 30% viraram 3 chocolatinhos (um abocanhado pelo presidente). Agora descobrimos que até o Wesley Safadão sabe mais de porcentagem que nosso Ministro da Educação.